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"As origens (dos campos de concentração) são fáceis de estabelecer. O conceito de "campos de reconcentración" foi posto em prática pela primeira vez pela administração espanhola de Cuba, nos anos 1890 (...)planejado para separar camponeses rebeldes de suas terras e, portanto, de sua fonte de subsistência. Foi depois adotado pelos britânicos durante a Guerra dos Bôeres na África do sul, com propósitos similares em mente. Os britânicos usaram a expressão “concentration camp” para os centros de detenção de civis bôeres.
A língua alemã traduziu o termo para "Konzentrationslager", em 1905. Teve seu uso inicial na colônia da África Sudoeste Alemã, onde uma tribo hostil de hereros foi posta à força em campos de trabalho e onde o Dr. Heinrich Göring era o comissário. Os colegas do Dr. Göring conduziram experiências médicas nos hereros com o objetivo de fazer pesquisa racial. Trinta anos mais tarde, o seu filho Hermann introduziria práticas similares na Alemanha.
Regimes totalitários certamente foram atraídos pelo conceito e introduziram um elemento nitidamente mais punitivo. A Rússia soviética foi a primeira, tendo o precedente do sistema penal do império czarista como incentivo para a ideia (...)E o termo "kontslager" foi formalmente incluído no decreto de 5 de setembro de 1918 que lançou o Terror Vermelho contra os inimigos dos bolcheviques e que especificamente pediu seu “isolamento em campos de concentração.
A Alemanha nazista abriu seu primeiro campo de concentração em Dachau, na Baviera, em março de 1933.(...)é incontestável que os campos soviéticos vieram antes, que os campos alemães vieram depois e que o sistema soviético era muito maior do que o seu equivalente alemão. Todavia meros números e nomes podem ser enganadores. É mais importante definir funções e descrever condições. Aqui, dois comentários fazem-se necessários. Primeiro, os campos soviéticos e nazistas não eram exatamente a mesma coisa. Cada um dos sistemas era condicionado pelas realidades sociais, econômicas, culturais e ideológicas do país em que funcionava. Segundo, apesar das diferenças, os dois sistemas tinham muito em comum. Conforme coloca Anne Applebaum (...)”eles tinham parentesco”; “eles foram construídos para encarcerar pessoas não pelo que elas haviam feito, mas por aquilo que elas eram”; eles “pertencem à mesma tradição histórica e intelectual”
Norman Davies, "Europa na Guerra. 1939 - 1945". ed RECORD (com adaptações)CONTINUA